O Espírito Santo é lindo e Vitória é muito mais legal que você pensa. Vistas, lugares cênicos e uma irmã siamesa, Vila Velha, fazem da capital capixaba um lugar delicioso para curtir ao ar livre. As distâncias são curtas, mas Vitória oferece a possibilidade de enxergar longe. Imagine uma espécie de Rio de Janeiro low profile – sem trânsito caótico, com menos ostentação e ar mais tranquilidade.
Na prática, você vai notar que Vitória e Vila Velha funcionam como a mesma cidade, mas essa ponte da foto – Terceira Ponte – está separando os dois municípios. Como não podia ser diferente, começamos a exploração pelo Convento da Penha, maior monumento do Espírito Santo, que fica em Vila Velha. O mais legal é que, apesar da abertura turística, ainda funciona como um convento e tem uma atmosfera diferente, tão misteriosa quanto a do próprio Espírito Santo.
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Iniciado em 1558, o Convento é mais antigo que muitas cidades históricas do Brasil e, além de todo o ambiente intrigante, por onde circulam monges e freiras, você ainda ganha essa vista sensacional de Vitória. É o tipo da atração que, se fosse na Europa, estaria entre as mais visitadas do mundo. Você pode chegar ao topo da colina, onde está o convento, através de vans – R$ 4,00 ida e volta – ou ir a pé pelo calçamento original de pedras, entrinchado no meio de um pedação original de Mata Atlântica.
A parte que se avista do convento a partir de Vitória é a sua traseira, onde estão as sacadas panorâmicas com os melhores vistas. A frente dele fica voltada para o centro de Vila Velha e suas praias. Quadros enormes do Benedito Calixto, feitos no início do século XIX, contam a história do convento de quase 500 anos. Eu ainda tive a sorte de ver um canto gregoriano lindo, cantado à capela e na capela, de um coral alemão que visitava a cidade no mesmo dia.
Depois de alguns “ooh”, “uau” e “olha isso”, você percebe que começou bem a viagem, mas que essa colina é apenas um dos ângulos impressionantes de Vitória. A cidade é toda aberta, recortada – o morro avista uma pedra, que avista um píer, que avista uma praia… ela parece sempre aberta e convidativa a uma boa caminhada. Logo que sair do Convento da Penha, vá ao Morro do Moreno, ao lado. É tranquilo: pode subir a qualquer hora que sempre vai ter gente pela rua e lá em cima também. A vista é tão bonita quanto a do topo do convento, com a vantagem de que, agora, ele também pode ser avistado. Se tiver sobrado perna, logo que descer do morro, ande alguns quarteirões até a Pedra da Sereia – esta é mais baixa, bem mais baixa! Ela marca o pedaço mais agradável do calçadão da Praia da Costa, ainda em Vila Velha, e é perfeita pra ver a noite caindo.
Outros lugares que valem uma caminhada sem rumo em Vitória: o calçadão de Camburi, a praia mais chique da cidade; a Praia do Canto e seus points gastronômicos como a Curva da Jurema e o Triângulos das Bermudas; a Praça do Papa e suas vistas para o Convento da Penha.
Preço: gratuito. Abre diariamente, inclusive às segundas-feiras.
O Espírito Santo adora mesmo esse negócio de ser compacto. Mesmo aqui, no litoral, você está a menos de uma hora de Domingos Martins e a duas Parque Estadual da Pedra Azul. É fácil, é compacto. Sabe quando a galera está construindo um roteiro pela Europa e quer colocar todos os lugares em volta, porque é pertinho? No Espírito Santo dá pra fazer isso!
O ideal é passar a noite em alguma das pousadas da região da Pedra Azul, mas também é possível fazer bate-volta, que foi nossa escolha. As trilhas da Pedra Azul são belíssimas e levam até piscinas naturais panorâmicas onde, em dias quentes, um banho é obrigatório – mas em dias frios, como foi o que eu estava lá, é um desafio para o fortes! Eu me joguei lá dentro e dei aquela sofridinha porque, assim, o almoço dos cafés coloniais lá embaixo ficam ainda melhores. A trilha ao redor da pedra é auto-guiada e super bonita. No entanto, não há comparação que possa ser feita com a Trilha Completa, o grande tchans do parque. Esta deve ser feita com o acompanhamento de um guia e só ocorre duas vezes ao dia: às 9:00 e às 13:00. É fundamental que você agende com antecedência porque o limite de 50 pessoa por dia é religiosamente respeitado. Ligue para os condutores pelo telefone (27) 9 9739-8005 para garantir. Obs: eu também acho um atraso sem tamanho o agendamento só poder ser feito por telefone, mas é assim que eles se organizam. Na volta, vale a pena dar uma parada no centrinho de Domingos Martins para um café ou, se você não for o motorista da rodada, uma cachaça artesanal serrana do Espírito Santo.
Preço: R$ 15,00 por pessoa para a trilha completa. Trilha auto-guiada gratuita. O Parque Estadual da Pedra Azul funciona de terça a domingo, das 8h00 às 17h00.
Quem inventou a moqueca? Vixi, isso já deu tanta briga… enfim, deixe o pessoal discutindo e apenas experimente todas! Os capixabas afirmam categoricamente que eles não só criaram a moqueca, como ainda fazem a melhor de todas. Na Curva da Jurema, em Vitória, há uma sequência legal de barracas de praia onde você pode tirar suas próprias conclusões. Mas é em Guarapari, a uma hora de Vitória, que o negócio fica bom de verdade. Pegue um carro e vá para o Gaeta, o restaurante onde a Idalina e suas meninas preparam uma autêntica moqueca capixaba, bem de frente pro mar, há mais de 60 anos. O restaurante é um não bem grande a toda gourmetização deste, que é um dos pratos mais marcantes da culinária brasileira. No Espírito Santo, a moqueca não é frita no azeite de dendê e nem leva leite de coco – o realce do sabor é dado pelo urucum (que dá o aspecto avermelhado) e coentro. E não me venha com essa de que você não gosta de coentro quando você mal sabe diferenciá-lo da salsa!
A Moqueca de Abadejo, que custa R$ 149,00, para duas pessoas (mentira, serve três tranquilamente!), acompanha uma moquequinha de banana da terra, arroz branco e pirão de peixe. Ainda incluiu um camarão a milanesa para entrada e uma torta da casa com café para sobremesa.
Dá pra fazer este bate-volta tranquilamente, inclusive de ônibus. O único complicador caso você esteja sem carro, é que terá de pegar outro transporte do centro de Guarapari até Meaípe. Dica: não faça a a barbaridade de economizar a todo custo e chame um carro ou taxi pelo aplicativo.
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Texto: Tiago Caramuru
Imagens: Tiago Caramuru
Montagem: Anderson Spinelli
Edição: Tiago Caramuru / Anderson Spinelli
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