Phnom Penh é a capital e maior cidade do Camboja. Ela já foi destruída e reerguida algumas vezes. Nessa última, acabou sendo de uma forma bem bagunçada e pulsante – e é aí que tá a graça toda desse lugar. A melhor forma de sair do aeroporoto é em um tuk-tuk: eles são mais baratos que os táxis, estilosos, espaçosos e, por serem abertos, já te inserem na fascinante bagunça que você acabou de se meter!
Phnom Penh é a própria definição do que é exótico. Mesmo numa cidade caótica e recém invadida por motociletas e urbanização precária, o charme dos templos e sobrados teima em se sobressair. As ruas alinhadas e quadradas ajuda a ordenar um pouco de toda essa confusão. Em qualquer lugar entre as paralelas 63rd Street e o Sisowath Quay, o calçadão de lá, você está bem localizado.
O Camboja é lindo, fascinante e, o melhor: barato. Veja um outro episódio da mini-série que gravamos lá:
Camboja Ep.02 – Koh Rong – Vida de ilha pra fazer um detox tecnológico.
Quando se vêm do Vietnã, que foi meu caso, o contraste econômico é absurdo. Tudo é ainda mais barato que no país vizinho. Por US$ 25,00, se consegue um hotel quatro estrelas e, com US$ 2,00, uma refeição completa. Claro que isso tudo tem um preço para os locais: apesar de acolhedor e pacífico, o Camboja ainda é um país que sofre demais com a pobreza. Em Phnom Penh, especificamente, ainda dá pra ser otimista. Com o boom de cafés modernosos com decoração a la capa de revista, os estabelecimentos (em sua maioria propriedades de investidores estrangeiros) arrecadam fundos para instituições que combatem o escravismo sexual e o trabalho infantil.
Sendo a capital mais subestimada da Ásia, também a torna a mais surpreendente a quem tiver disposição de olhá-la mais de perto. Phnom Penh não é necessariamente bonita, mas tem muita mordomia por preços baixíssimos, além de ruas buzinantes e pulsantes, o dia inteiro.Quem não passa ao menos duas noites na capital do Camboja, perde museus, templos, palácios, cafés estilosos colados porta a porta, mercados, ruas planas e um calçadão fantástico, de frente pro rio, pra tomar drinks a US$ 0,75. É muita vida urbana acontecendo a cada metro de chão.
O Royal Palace foi construído em 1866, quando a sede do governo do Camboja foi transferida de Angkor para Phnom Penh, como era desejo dos colonizadores franceses. Ele é dividido em dois complexos: a parte palacial, onde ficam a residência do rei e a sala do trono; e a parte religiosa, mais escondida e onde está o Templo do Buda Esmeralda (Silver Pagoda), com imagens e decorações em ouro, prata e diamantes. Fotografias não são permitidas no interior de nenhum dos prédios. Guarde pelo menos três horas para circular pelo complexo. Quando você achar que já acabou, sempre aparece uma área ou um templo novo, além da maquete gigante que eles tem do Angkor Wat, o templo mais exótico do mundo.
O Camboja é um reino com o poder altamente centralizado, resultado do que sobrou do Império Khmer – império que ocupou, pelos últimos dois mil anos, o que hoje é o próprio país e, também, porções significantes de Tailândia e Vietnã. Como herança, o idioma e a culinária khmer ainda vivem no cotidiano dos cambojanos. Quem já foi a Tailândia ou escutou falar do Grande Palácio Real, em Bangkok, vai reconhecer o estilo de arquitetura do Palácio Real prontamente.
Na entrada do palácio, muitos guias irão te abordar oferecendo tours guiados. Alguns dirão até que é obrigatório – não é. Eu acho mais legal explorar através dos meus próprios passos, mas vale a pena se você quer entender um pouco o que toda aquela suntuosidade significa. Na compra do ingresso, peça também um mapa com sinalizações em inglês pois, dentro do complexo, elas estão todas em khmer. A entrada custa 25.000 Riel ou US$ 6,50 (o dólar americano é amplamente aceito).
O Wat Phnom é o marco zero de Phnom Penh. Esse templo iniciou a cidade e a batizou há quase 600 anos. Localizado no topo de uma colina, o templo hoje está engolido pela expansão urbana da cidade, ficando ao centro de uma rotatória. Vá de manhã cedo, lá pelas 7 ou 8 horas, se quiser ver monges budistas de outros países que frequentemente peregrinam por ali. Entrada gratuita.
Nem tudo no Camboja é bonito e simpático. O S21 é a memória de uma ditadura sanguinária que governou o país e ficou conhecida como Khmer Rouge. Só um adendo: apesar do nome, o Khmer Rouge não tem nada a ver com o Império Khmer.
Esta foi uma das escolas transformadas em campo de concentração, tortura e extermínio, durante o regime. Apesar de haver dezenas de outros QG’s da tortura pelo país, este virou símbolo por ficar bem no meio da cidade.
Entre os fichados como inimigos do regime, estavam crianças, membros do partido vistos como traidores e, principalmente, intelectuais. No auge da perseguição, o simples fato de usar óculos poderia condenar um cidadão. A lógica do ditador Pol Pot: quem usava óculos, lia muito; quem lia muito, poderia estar conspirando contra o regime. Foram só quatro anos (1975-79), mas suficientes para aniquilar dois milhões de pessoas, ou 25% da população.
Centenas de crânios, com buracos ou amassados, são exibidos com a conclusão da autópsia: tiro, pancada, etc. Depois de passar pelos pavilhões de salas de aula convertidas em celas, que exibem filmes e fotos dos prisioneiros fichados, você encontra Chum Mey, um dos primeiros sobreviventes do massacre a revelar a sua história: foi salvo porque sabia consertar máquinas de escrever.
Em 2009, o Camboja chegou a instaurar um inquérito criminal para julgar os membros do Khmer Rouge mas, a essa altura, a maioria deles já havia morrido sem jamais sofrer qualquer tipo de condenação. A entrada custa US$ 3,00.
E não pense que é só isso não, Phnom Penh possui diversas opções de passeios para todos os gostos! Clique aqui para ver uma lista super completa ou escolha um abaixo para mais informações:
– O Riel é a moeda oficial, mas o dólar americano é amplamente aceito.
– Em Khmer, algumas palavras são cortadas pela metade quando pronunciadas. Quando falam inglês, os cambojanos mantém esse hábito, então lá vão algumas dicas: bu (leia bã) é bus, fren é french, ri (leia rai) é rice e bo é boat.
– O desenvolvimento do país foi muito comprometido pelas recentes guerras civis. Estradas estão sucateadas e estações de trem não são mais que monumentos. CUIDADO com gente vendendo bilhetes de trem: não existe linha férrea em funcionamento.
– O país é pequeno e, além dos templos de Angkor, não há troféus a serem conquistados. Em vez de querer ver cada canto, não esqueça que este é um ótimo lugar pra relaxar. Passar um dia na piscina de um hotel fantástico pagando US$ 35,00 a diária… não dá para desperdiçar.
– Se você gosta da culinária do Nordeste do Brasil, vai se dar bem por aqui. A base é a mesma: peixe e frutos do mar, temperados com leite de coco e pimenta. E o arroz… nussinhora, que arroz delicioso.
– Para fazer compras barganhando e sem lojistas insistentes: Russian Market.
– Para caminhar a tarde e ver gente: Sisowath Quay (calçadão).
– Para tomar trocar idéia com os gringos, viajantes ou residentes: cafés que circulam o Independence Monument, no grandioso Sihanouk Boulevard.
– Para ver a história cambojana em detalhes: National Museum.
– Para comer barato a qualquer hora: a 172th Street tem dúzias de restaurantes simpáticos e baratos, desses com ventiladores espalhados em todos os lugares e grandes cadeiras velhas almofadadas. Eles abrem o dia e a noite inteira e os cardápios são de comida ocidental.
Imagens / Texto: Tiago Caramuru
Edição: Tiago Caramuru / Anderson Spinelli
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